Luta pelos Direitos das Mulheres

Os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade pregados pelo Iluminismo questionavam as estruturas sociais e políticas vigentes, inclusive a submissão das mulheres aos homens, levando ao início da Emancipação Feminina.

A luta pelos direitos das mulheres é um movimento que procura igualdade de género e proteção dos direitos das mulheres em todas as áreas da sociedade, incluindo acesso à educação, saúde, trabalho justo e oportunidades iguais. Esta teve origem no movimento sufragista, cresceu com o movimento feminista de segunda onda e continua a evoluir, com questões relacionadas a igualdade salarial, violência de gênero, representação política e assédio sexual ainda sendo debatidas. 


A "Declaração de Sentimentos"

A luta pelos direitos das mulheres, tal como é conhecida hoje, começou a ganhar forma no final do século XVIII e início do século XIX, na Europa e nos Estados Unidos, durante o que é conhecido como o período do Iluminismo. As mulheres começaram a questionar a sua posição na sociedade e a exigir igualdade de direitos.

Em 1848, na cidade de Seneca Falls, nos Estados Unidos, foi realizada a primeira convenção pelos direitos das mulheres. Nesta foi apresentada a "Declaração de Sentimentos", um documento que reivindicava direitos iguais para mulheres, incluindo o direito ao voto.

Este foi escrito por Elizabeth Cady Stanton e outras mulheres que lutavam pelos seus direitos e afirmava que "todos os homens e mulheres são criados iguais" e que estas devem ter os mesmos direitos e oportunidades que os homens. Foi inspirada na Declaração de Independência dos Estados Unidos e, como tal, começou com a frase "Nós sustentamos estas verdades como autoevidentes: que todos os homens e mulheres são criados iguais." O documento enumerou uma série de injustiças que as mulheres enfrentavam na época, incluindo a falta de direitos políticos, educacionais e de propriedade, bem como a discriminação no local de trabalho.

A Declaração de Sentimentos foi um marco importante na luta pelos direitos das mulheres.

O Sufrágio Feminino

Os ideais iluministas de pensadores como John Locke, Jean-Jacques Rousseau, Alexis de Tocqueville, Charles de Montesquieu e Voltaire forneceram as bases intelectuais para a onda democrática. Apesar da aparente democracia, vários grupos minoritários ficaram de fora da possibilidade de sufrágio. Entre esses grupos estavam as mulheres e os analfabetos. O movimento sufragista também representou a primeira onda do feminismo.

O primeiro país democrático a reconhecer o direito ao sufrágio feminino foi a Nova Zelândia, em 1893 e, cinco anos mais tarde, em 1897, a ativista inglesa Millicent Fawcett fundou a National Union for Woman Suffrage. A partir de então, mulheres de todo o mundo começaram a reivindicar o direito de voto.

A partir de 1903, a luta feminista sufragista intensificou-se com a participação de mulheres trabalhadoras e representantes das classes populares. Em 1906, a Finlândia aprovou o sufrágio feminino, e as mulheres britânicas estavam mais fortes e unidas do que nunca. Os anos de luta feminista e o fim da Primeira Guerra Mundial somaram-se ao reconhecimento dos direitos das mulheres. A Inglaterra precisava da força de suas mulheres para se reconstruir economicamente e esse fator foi decisivo para que o voto feminino e o direito de participação ativa em cargo político fossem atendidos.

Greves marcantes

As greves são uma forma de luta e resistência que as mulheres têm utilizado ao longo da história para reivindicar seus direitos. Algumas greves importantes na luta pelos mesmos são:

1. Greve das Trabalhadoras da indústria do tabaco em Madrid, 1857

A greve das trabalhadoras do tabaco em Madrid em 1857 foi uma importante mobilização liderada por mulheres trabalhadoras na Espanha, onde quatro mil operárias da Fábrica de Tabaco de La Coruña deixaram os seus postos de trabalho e destruíram escritórios, móveis e maquinaria. Naquela época, as mulheres eram a maioria dos trabalhadores nas fábricas de tabaco em Madrid e enfrentavam péssimas condições de trabalho.

A greve atraiu a atenção da imprensa e de figuras públicas da época e depois deste episódio, houve uma greve de marceneiras em 1880 e a paralisação das operárias do tabaco de Gijón em 1903.

Apesar das dificuldades, as trabalhadoras mantiveram-se firmes e acabaram por conquistar algumas das suas demandas, incluindo um aumento salarial e a redução da jornada de trabalho.

Assim, esta greve foi um marco importante na luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras e inspirou outras mobilizações semelhantes na Espanha e em outros países.


2. Greve de Pão e Rosas em Lawrence, Massachusetts, em 1912

A Greve de Pão e Rosas foi uma greve de trabalhadoras têxteis em Lawrence, Massachusetts, em 1912. Esta foi liderada por mulheres, muitas delas imigrantes, que lutavam por melhores condições de trabalho e salários mais justos.

O seu nome, "Pão e Rosas", foi inspirado num poema de James Oppenheim que celebrava as necessidades básicas de vida (pão) e as demandas mais elevadas de igualdade e justiça social (rosas).

Esta começou em janeiro de 1912, quando as empresas têxteis de Lawrence reduziram os salários dos trabalhadores em resposta a uma nova lei que reduzia a carga horária semanal de trabalho. As trabalhadoras têxteis organizaram, por isso, manifestações pacíficas, passeatas e comícios, pedindo apoio público para sua causa. Estas também estabeleceram uma rede de ajuda mútua, fornecendo comida, abrigo e cuidados médicos para os grevistas e suas famílias.

A greve durou mais de dois meses, com conflitos violentos entre os grevistas e a polícia. No final, a pressão pública e a ameaça de uma greve geral em todo o estado forçaram as empresas têxteis a ceder às demandas dos trabalhadores.

A greve de Pão e Rosas é considerada um marco importante na história dos direitos dos trabalhadores e da luta pelos direitos das mulheres.


3. Greve de Dagenham, Inglaterra, 1968

A greve de Dagenham durou 21 dias e foi liderada por mulheres costureiras na fábrica da Ford. Esta começou em 7 de junho de 1968 e terminou em 28 de junho do mesmo ano.

As trabalhadoras da fábrica, que eram responsáveis por costurar os bancos dos carros produzidos pela Ford, pediram salários iguais aos de seus colegas do sexo masculino que faziam trabalhos equivalentes sendo que, na época, as costureiras ganhavam significativamente menos do que os homens. A greve de Dagenham atraiu a atenção da mídia nacional e internacional, e ajudou a destacar a questão da igualdade salarial entre homens e mulheres. Esta foi bem-sucedida e levou à criação do Equal Pay Act de 1970, que proibiu a discriminação salarial com base no sexo.

A greve de Dagenham foi um marco importante na luta pela igualdade de género no Reino Unido e em outros lugares do mundo, e é lembrada como um momento histórico de empoderamento das mulheres trabalhadoras.

Com isto, em 2010, o filme "Made in Dagenham" foi lançado, contando a história desta greve e das suas líderes.


4. O dia livre das mulheres da Islândia em 1975

O dia livre das mulheres da Islândia ocorreu em 24 de outubro de 1975 e foi um evento histórico que marcou a luta das mulheres por direitos iguais na Islândia. Nesse dia, as mulheres islandesas uniram-se e paralisaram todas as atividades, tanto em casa como no trabalho, para mostrar o quanto eram importantes para a sociedade.

O objetivo era chamar a atenção para a desigualdade de género no país, exigindo mudanças significativas na legislação e na cultura. Com isto, cerca de 90% das mulheres islandesas participaram da greve, que foi uma das maiores manifestações já realizadas no país.

A ação das mulheres teve grande impacto e conseguiu conquistar uma série de avanços para a igualdade de género na Islândia. Entre eles, foi criado o Conselho para a Igualdade de Género, que passou a trabalhar na implementação de políticas de igualdade no país. Além disso, foi criado um novo parágrafo na Constituição islandesa, estabelecendo que homens e mulheres têm os mesmos direitos e deveres.

Hoje em dia, a Islândia é considerada um dos países mais igualitários do mundo, em grande parte devido ao trabalho das mulheres islandesas que lutaram por seus direitos há quase meio século.


5. Greve de 8 de março de 2019, Portugal

A greve ocorrida no dia 8 de março de 2019, dia internacional da mulher, foi uma manifestação em que as mulheres pararam as suas atividades quotidianas, incluindo o trabalho remunerado e não remunerado, como forma de protesto contra a desigualdade de género, o sexismo e a violência contra as mesmas.

Esta foi convocada por diversas organizações feministas e contou com a participação de mulheres de diferentes setores e regiões do país. Além da paralisação, também foram realizadas manifestações, marchas e outros atos públicos em várias cidades de Portugal.

O objetivo principal desta greve era chamar a atenção para as diversas formas de discriminação e violência que as mulheres enfrentam diariamente e exigir medidas concretas para combater essas injustiças. A mobilização também teve como objetivo incentivar a participação política e fortalecer a luta feminista em Portugal.


Dia Internacional da Mulher

Em 23 de fevereiro de 1917 (8 de março no calendário gregoriano, que é usado atualmente), as trabalhadoras de uma fábrica de tecidos em Petrogrado (atual São Petersburgo) organizaram uma greve, exigindo melhores condições de trabalho e o fim da guerra (I Guerra Mundial). O movimento espalhou-se rapidamente por outras fábricas e indústrias, ganhando o apoio de homens e mulheres de todas as classes sociais.

Em poucos dias, a greve transformou-se numa grande manifestação, que ficou conhecida como "pão e paz". As mulheres e os homens marcharam pelas ruas de Petrogrado, carregando cartazes com slogans como "Pão para nossos filhos" e "Paz para o mundo".

Esta manifestação foi um marco na luta pelos direitos das mulheres, pois demonstrou o poder da união e da organização feminina na procura de mudanças sociais e políticas. Além disso, também contribuiu para a queda do governo czarista e para a Revolução Russa de 1917, que resultou em grandes mudanças na sociedade russa, incluindo a igualdade de gênero e o direito ao voto para as mulheres. Assim, o Dia Internacional da Mulher, é celebrado em 8 de março, como homenagem a este evento.

Este dia é marcado pelos direitos das mulheres, principalmente para lutar contra a igualdade. Mas também para defender salários iguais, proteção em situação de violência física e psicológica, entre outros.

Mulheres Importantes na Emancipação Feminina

Existem muitas mulheres importantes que lutaram pelos seus direitos ao longo da história, como a Beatriz Ângelo e a Maria Lamas, em Portugal, e a Clara Zetkin, Emmeline Pankhurst e a Susan Brownell Anthony, no estrangeiro.

Clica nas fotos para acessares à bibliografia de cada uma.

Conquistas

As mulheres tiveram várias conquistas, em diferentes áreas,  desde que começaram a lutar pelos seus direitos.  Entre elas:

Direito ao voto: Em muitos países, as mulheres não tinham o direito ao voto até o século XX. A luta pelo sufrágio feminino foi uma das primeiras grandes batalhas das mulheres na luta pelos seus direitos civis e políticos.

Direitos reprodutivos: Direito de controlar a própria fertilidade e o direito ao aborto seguro e legal.

Igualdade no local de trabalho: Igualdade salarial, proteção contra assédio sexual e discriminação, e direitos trabalhistas como licença maternidade e paternidade.

Educação: Igualdade de acesso à educação, desde o ensino básico até o ensino superior.

Direitos civis: Proteção contra a violência doméstica, abuso sexual e exploração.

Participação política: Direito de concorrer a cargos públicos e assumir posições de liderança.

Representatividade nos setores público e privado, incluindo cargos de liderança em empresas e instituições governamentais.

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